melancolia

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Laura Tedeschi

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Eu e a religião

Eu escrevi isso há algum tempo e não sei porque não publiquei, acho que hoje é um bom dia. Então, voilà! Considerando a decalagem de tempo....posso decepcionar algumas pessoas, but...

Eu tenho muita vontade de expressar minha opinião sobre Religião. E ultimamente essa vontade tem aumentado... muitas coisas que tenho lido, muitas coisas que tem acontecido...


Eu sou criada numa família muito católica.
Atualmente vejo a igreja católica em queda acentuada. Muitas pessoas que eu conheço não só não frequentam quanto odeiam a igreja. Algumas pessoas tem razões pessoais para isso, outras vão na onda. Hoje eu vejo que é cult não gostar da igreja. O que não desmerece o gosto das pessoas.

Eu discordo de muitas, mas muitas, coisas da igreja católica:
Não dá para concordar com a proibição da pílula, da camisinha e tantas outras coisas no mundo atual. Não dá para aceitar a denúncia cte de pedofilia. Não dá para aceitar a postura de alguns padres e outros da igreja. Me lembro quando um padre em Pernambuco condenou a equipe médica que fez o aborto de uma garota estuprada. Não houve menção da igreja contrária ao estuprador, mas apenas à equipe médica. Triste. Inclusive nesse caso a família do meu marido me procurou para saber minha opinião, considerando que sou católica.

Esse tipo de coisa me choca também. Porque me parece tão evidente que não se é de acordo com um absurdo desses. E as pessoas me perguntam como se eu fosse conivente e apoiasse cada barbaridade que é feita por essa instituição complexa, grandiosa, poderosa, historicamente consolidada e construida sobre pilares de poder do homem (com a mulher subalterna reconheço tbm).

Mas, apesar de tudo isso.


Eu sou muito grata a igreja católica à minha formação. E isso não significa que sou alienada (eu sou alienada, como todos somos, por estarmos embuídos na nossa cultura, mas não, necessariamente, por essa opinião) a todas as regras, dogmas e ideais da igreja. Eu tive experiências ótimas de amor, compreensão. Eu conheci padres maravilhosos, que salvam vidas, que aliviam, que trazem alegrias no coração das pessoas.

Eu posso desconsiderar a minha experiência para compartilhar de um grupo? Não, sinto muito! Eu tento, a minha maneira, separar o joio do trigo. E isso é, e tem sido fundamental para minha estabilidade emocional, minha força para superar tantos problemas.


Tudo bem que quase não tenho frequentado, esse ano fui a duas missas. Preciso voltar, sinto falta. Quando vou numa missa muito ruim, começo a rezar para o Padre, uma onda né... me ensinaram isso num grupo... Quando a gente faz isso reconhece o quanto eles são humanos, pecadores e, muita vezes, insensatos, insensíveis.... Mas seriam apenas os religiosos da igreja católica?

Eu participei muito especialmente na adolescência. Na infância não gostava. Missas chatas e compromissos tediosos. Na adolescência adorei, participei fortemente e foi muito bom: o grupo EAC - Encontro de Adolescentes com Cristo, depois fiz o EJC - Encontro de Jovens com Cristo e pretendo fazer o ECC - Encontro de Casais com Cristo. Diferentemente da maioria das pessoas que eu conheço eu tenho boas lembranças da igreja. Eu me sinto acolhida. E eu tenho muita pena de tanta gente que teve más experiências e reconheço que a igreja provoca isso de fato.


Mas engana-se quem acha que é só isso, que esses encontros são tediosos, que as pessoas te castram o tempo todo, que só falam de coisas radicais... não a gente se diverte muito. Eu sei o que é farra e sei que um grupo bom da igreja é um grupo de muito apoio e diversão. Meu curso de noivos na igreja foi sensacional (infelizmente muitas pessoas não tem essa sorte), falou-se de sexo (do corpo feminino, das dificuldades ...), dinheiro, filhos, respeito, amor com muita propriedade.


Eu não quero convencer ninguém sobre religião. Não mesmo. Mas eu senti vontade de contar tudo isso, porque as vezes as coisas vão tomando uma proporção que viram verdade a priori.

A família de mon mari é praticamente toda espírita, tenho muitos amigos tbm, tenho muitos amigos ateus, agnósticos etc. A Academia é repleta e eu respeito. Não vejo problemas mesmo. Mas ultimamente as coisas estão mudando de uma forma que você ser católico praticante parece que você é pré-histórico e totalmente acrítico.

Pode parecer incoerente, mas eu acho que a religião é uma construção cultural. Eu trabalho aqui com 3 paquistaneses na mesma sala. Eles cumpriram o ramadan, imagina o quão deve ser difícil. E eu fico imaginando que lá eles tem outra ideia de Jesus, e qual é a verdade??? Pra mim a verdade é a busca por um mundo melhor, mais tolerante, mais humilde, mais família, com mais respeito, com valores que estão se perdendo (não apenas pela falta da igreja, mas eu julgo que pela falta da família e de apoio que por vezes podem sim ser encontrados nela) ( e esse argumento também não implica que a falta de religião provoque isso, mas para algumas pessoas é importante, pra mim foi.)...

É isso, eu sou feliz por ser católica, rezar me trás conforto. Escutar algumas músicas me alivia.  Alguns livrinhos me ajudam muito a rever meus comportamentos, então para mim a religião foi e é fundamental para eu ser uma pessoa melhor.




Eu tbm comecei a escrever tudo isso, porque tem algumas pessoas com quem eu convivo que vivem falando mal da igreja católica (no meu doutorado então...uf). Eu tento deixar pra lá, mas as vezes me sinto ofendida pelas generalizações para com o catolicismo.

Por exemplo eu tive uma PÉSSSIMA experiência com uma pessoa espírita no último ano. Esse indivíduo é a "caridade" em pessoa, inclusive faz as palestras no centro e tals. Eu vou falar que os espíritas são todos assim? Não, não vou, não posso e não devo. Então a recíproca é verdadeira.

Apenas para pensar:
" A maneira mais simples de corromper um jovem é ensiná-lo a respeitar mais aqueles que têm opiniões iguais às suas que aqueles que têm opiniões diferentes das suas." (Nietzsche)

Um comentário:

  1. Gostei muito do seu relato. Eu sou católica mas não pratico. Há séculos que não vou a uma missa. Não concordo com MUITAS coias da Igreja. Acredito que DEUS esteja em mim e em tudo o que nos cerca, e isso pra mim, é o que basta.

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