Eu acho que redes sociais devem conter apenas discussões simples e talvez e até superficiais. Outros ambientes permitem colocar sua opinião de maneira mais honesta, mas lá é um pouco arriscado. Tenho visto uma galera se estressando no facebook e falando um monte de besteira, discutindo coisas que só desgastam.
Mas confesso que as vezes dá vontade de responder umas colocações... ahh isso dá.... Mas vendo o erro alheio e tentando me preservar vou ficar quietinha por lá e me manifestar aqui.
Uma das discussões tem acontecido em torno do que já tratei aqui, brasileiros que moram no exterior e ficam publicando problemas do país e fazendo uma série de (des)considerações...
Uma delas é a publicação de um dado que o impostômetro vai chegar a 700 bilhões de reais.
Ok, terrível, concordo plenamente com as pessoas que comentaram destacando como pagamos impostos e não temos acesso a serviços públicos de qualidade. Isso é nítido, triste e devemos buscar mudar. Aqui na França mesmo um carro zero pode ser comprado por 6 mil euros, algo em torno de 15 mil reais (conversão simples pra 2.5, convertendo ou não é uma diferença muito alta). Essa diferença no Brasil é explicável simplesmente em função dos impostos, é assustador, não é mesmo? Também é importante considerar que os carros franceses já pagam impostos e conseguem ser vendidos a esse preço.
Ok, concordo com essa discussão, mas o que eles dizem é: que os brasileiros (eles ficam fora da categoria) são idiotas que pagam esse absurdo e não fazem nada pra mudar o país (me diga o que eles já fizeram), que somos todos alienados e não vemos a realidade do mundo (só os grandes pensadores como essas figuras tem a capacidade crítica de enxergar isso), que a única coisa “sensata” a fazer é arrumar as malas ir pro aeroporto e sair fora (humum é assim que se resolve um problema??).... só pra ilustrar esses poucas considerações...
Uma coisa que eu gostaria de dizer é: que é muito fácil se isentar da responsabilidade sobre qualquer lugar e apontar o erro (o culpado, o ignorante que não vê, não entende e não muda) porque eles serão culpados pelos erros políticos, sociais e econômicos da Inglaterra? Ou da Escócia? Ou de qualquer outro lugar? Não. Eles estarão sempre acima do bem e do mal, afinal é só falar mal de onde estiveram ( Brasil, Portugal, Itália, África...).
Ah! Sem falar que a condição dos países onde eles vivem agora não é fruto do trabalho e da mobilização social que eles fizeram.
E ainda "falam" coisas do tipo: “e onde estão os meus amigos letrados para se manifestar sobre esse problema, agora eles se calam...” Eu fico lembrando da fala da professora do RN, contra números não existem fatos... e como a gente erra quando pensa assim e ela mostrou muito bem isso, hem!!
Eu me calo, mas apenas nas redes sociais! Adoraria reencontrar essa(s) pessoa(s) e dizer tudo isso.
Dizer pra dar uma lida em Paulo Freire, um GRANDE letrado brasileiro que explicou três níveis de consciência (em “Educação para autonomia”): consciência intransitiva, consciência ingênua e consciência critica, na primeira a gente vê o mundo mágico sem entender como e porque as coisas acontecem, na segunda a gente entende como as coisas acontecem e acredita que elas acontecem dessa forma porque existe um culpado e o culpado é sempre o outro, nunca ele se responsabiliza pela sua realidade, e a consciência crítica onde as pessoas passam a assumir as responsabilidades pelos problemas e, assim, elas os compreendem melhor e trabalham para resolê-los ao invés de perderem tempo achando culpados.
Pois é, pra mim é muita consciência ingênua pro meu gosto. Eu reconheço e gostaria que nos mobilizássemos mais, mas também sei o quão difícil isso é na prática. E assumo que a mudança está em mim, em como faço meu trabalho, em como sou honesta e politizada diariamente, nas pequenas coisas, não no marketing pessoal que as pessoas fazem hoje, apenas para se promover.
Muito cômodo sair e apontar o dedo pros que ficaram... e eles que se cuidem, porque o Brasil, com todas as mazelas (que eu luto dentro das minhas possibilidades pra acabar), vai pra frente, enquanto tem muito país desenvolvido que tá parando, talvez eles vão ter que andar mais pelos aeroportos!
Muito cômodo sair e apontar o dedo pros que ficaram... e eles que se cuidem, porque o Brasil, com todas as mazelas (que eu luto dentro das minhas possibilidades pra acabar), vai pra frente, enquanto tem muito país desenvolvido que tá parando, talvez eles vão ter que andar mais pelos aeroportos!
Enfim, eu estou buscando ser uma pessoa mais tranquila, sem grandes discussões, mas minha cabeça fervilha quando vejo uma coisa assim e eu preciso discutir, ainda que apenas comigo mesma....