O baguete é maravilhoso, vou sentir falta.
A comida saudável francesa também.
Os molhos que eu quero aprender, tanto para as saladas, quanto para os sandubas.
Mas uma hora ele acaba e é bom degustar uma coisa boa, mas é bom mudar de ares e voltar a comer feijão com arroz.
É, minha estada na França está acabando. Me falta menos de um mês. O doutorado ainda persiste (feliz e infelizmente...rsrsr).
Quem está nessa jornada fique atento, pois se vir é difícil, voltar tbm é uma caixinha de surpresas. Cancelar seguro habitação, sair do apartamento, são coisas que parecem simples, mas que requerem muita burocracia.
Minhas dicas gerais para quem vem para o doutorado sanduíche (eu escrevo de várias formas e gosto do aportuguesamento das palavras como os franceses fazem com tudo, adoro!!):
- Vista a camisa da humildade, pois você precisará dela, ainda que seja genial profissionalmente falando e fluente em várias línguas e se não for, vista a camisa de força da humildade (estou escrevendo algo mais sobre isso);
- Viaje, viaje bastante. Especialmente no país onde estiver. Conhecer outros países é ótimo, mas bom mesmo é conhecer;
- No seu projeto de tese para o sanduíche: considere o contato com pessoas da área (mais que o seu orientador e a universidade onde estará).
Claro que cada área é diferente, mas pra quem é das ciências sociais (e sociais aplicadas) eu julgo que é muito interessante entrevistar algumas pessoa. Ainda que isso não venha a constar na sua tese, isso será muito bom pra entender a lógica do país onde está. Então inclua alguma entrevista, para mim foi super interessante, falei com muitas pessoas da minha área e me ajudou a reanimar com a pesquisa. Tenho muitos contatos, ainda que ultra superficiais são contato. Me inteirei muito da realidade, porque além do cunho teórico aproveitei pra tirar algumas curiosidades sobre como as coisas realmente funcionam na França me surpreendi e adorei. Além do quê vc terá motivos práticos para viagens!!! Eu conheci muito a França, pois além da entrevista eu sempre conhecia algo por perto.
- Eu tentei gostar da França e dos franceses e consegui. Eu morei no sul do Brasil antes de vir e não me adaptei, assim vir para França foi um motivo para fugir um pouco do meu desconforto emocional, mas vim com muito receio de como seria tudo. Me surpreendi positivamente. Mas nem tudo são flores, alguns detalhes te deixam insegura e incomodada. Nada como um fim de semana, um brigadeiro, uma caminhada... para reestabelecer as forças. Eu não tenho perfil Pollyanna, sinto, sofro e reclamo, mas na tentativa de respeitar as diferenças culturais eu encontrei um conforto para o meu desconforto.
É isso, valeu a pena demás, mas estou super feliz em estar voltando. Super feliz em ir para minha casa.
Eu adoro esse trecho do que diz o Pe. Fábio de Melo:
“...Partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir.. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É conseqüência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias.... ...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve."
Pe. Fábio de Melo