melancolia

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Laura Tedeschi

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

  Oito anos depois, percebo que continuo a mesma. Reclamona ao extremo! Chata. Impaciente. Intolerante. Sem saco pra nada. Sem querer gente na minha beira...ahahahah

   E quanta água passou nessa ponte! E que tô em outra crise existencial. Eu não imaginaria nunca estar agora num buraco tão fundo.. .acabou-se o mundo.rsrsrsr

 Mas voltar aqui foi engraçado. Mostra que eu já pulei muita fogueira, me diverti, chorei e sorri. Então dessa eu vou sair. Me deu um ânimo.

Não posso, não quero escrever detalhes... mas digo que eu amo meus filhos. Tenho dois. Lindos. Amei demais e amo demais. Mas fora eles estou dispensando companhia. Embora cumpra todos os protocolos sociais, mãe, sogra, marido, papagaio, cachorro... mas não levo jeito.

 Esse ano tem sido especialmente difícil. Por isso voltei aqui. Até financeiramente, coisa que nunca se aconteceu, dessa vez chegou. Arrisquei num projeto novo que só deu dor de cabeça... tá, mas arriscar é isso né, as vezes dá, as vezes não dá. O difícil é que acumulou com um grande volume de outros problemas. Tô meio entalada com um sapo cururu. Onde olho não vejo brilho. Vejo cansaço.

Eu nem sabia que gostava tanto de Fernando Pessoa, mas fui reler aqui e olha ele aí..... 

Esse poema sou eu todinha, como dizem por aqui....

O que há em mim é sobretudo cansaço —
O que há em mim é sobretudo cansaço —
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas —
Essas e o que falta nelas eternamente —;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada —
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
9-10-1934
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993). - 64.

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