melancolia

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Laura Tedeschi

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Meu Poema de Fernando Pessoa


Para descobrir qual é o seu poema é só fazer um teste aqui.

Olha o meu....


O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro
“Sou um guardador de rebanhos,
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.

Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.

Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.”

“Olá, guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?

Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?

Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram.

Nunca ouviste passar o vento.
O vento só fala do vento.
O que lhe ouviste foi mentira.
E a mentira está em ti.”
(Cantos IX e X, de “O Guardador de Rebanhos”, 1914)

Alberto Caeiro foi o primeiro heterônimo a surgir – e o único a morrer (de tuberculose) por obra do seu criador. Deixava confuso Fernando Pessoa, homem da cidade, exatamente por ter enorme apego ao campo, à natureza, a ponto de ter escrito um longo poema chamado “O Guardador de Rebanhos”. Mesmo assim, Pessoa o elegeu mestre dos heterônimos. Apoiada na experiência sensorial, sua poesia procura alcançar um ideal: desaprender o foi aprendido para poder conhecer a si mesmo, ao outro e ao mundo.

O lado difícil da maternidade/gravidez





Só eu sei os desertos que atravessei... que ando atravessando.

Eu confesso que a gravidez tem se revelado muito difícil pra mim. E olha que está tudo bem do ponto de vista físico não tive nenhum problema.  

E eu estou querendo falar isso aqui não é só pra desabafar. Mas cada dia vejo que tem muitas mães  e/ou futuras mães que passam maus bocados na gravidez e essa obrigação de felicidade a todo custo, de hipocrisia acima de tudo só faz o sofrimento ser maior e mais velado, afinal é um “momento mágico”....

Eu cada dia tenho tido mais certeza que o meu momento não foi o momento certo e que eu não estou preparada para a maternidade. Praticamente tudo me incomoda.

Então, eu acho que a decisão de ser mãe tem que ser da mulher e ela tem que estar muito segura, porque é ela quase que exclusivamente que tem que aguentar todo tipo de conselho, obrigação de estar feliz e tudo de errado que acontecer é por algum erro que ela cometeu (o pai só colhe os louros do processo).

Meu casamento não anda nada bom... não é só por causa da gravidez, mas ela torna tudo mais evidente e assustador. E olha que esse filho foi desejado e planejado. E eu nunca me senti tão sozinha em toda minha vida. Posso contar nos dedos da mão as vezes que meu marido pegou na minha barriga, e não me cabe em todos os dedos a quantidade churrascos e farras que ele fez e faz durante esse mesmo período...

Eu amo meu bebê e estou aprendendo esse amor a cada dia. Mas isso não é, necessariamente, uma situação pronta. Não venham me dizer que a gente ama desde o momento que vê o exame positivo, que o amor aumenta a cada minuto. Comigo não foi assim. E não me culpem por ser honesta. Desolé, mas eu não vivo esse mundo de fantasia obrigatória.

Aliás eu estou cansada de tudo.

Se você não quer encher o saco de alguma grávida vão as dicas:

- Não dê conselho sobre NADA, RIEN, NOTHING! Ok?

                Eu já ouvi 1.367.489 vezes que eu devo dormir agora porque nunca mais eu vou dormir. Tá, todo mundo é muito bem intencionado, mas eu não gosto de ficar ouvindo isso todos os dias, todas as horas, de um monte de gente... Que saco!! Dá vontade de falar assim:   -não, vou parar de dormir desde já pra ver se viro zumbi e aí nem vou sentir sono depois...

Não é que eu não concorde, é que cansa, pô...

Claro que se você está se aconselhando com alguém (que teve filho a pouco tempo, que você gosta de conversar, que você gosta de saber a opinião) essa pessoa tem todo o direito de falar sobre vc dormir. Mas o resto me poupe...

Para de falar o que a pessoa pode comer, deve comer (Se eu quiser comer bosta, isso  é uma decisão minha ok? Vamo combinar que eu não fico falando o que vc deve ou pode comer, d’accord?),e ainda vem me dizer o que vou pensar, vou querer, que a vida vai mudar (sério??? Não diga!).
 

Se você se preocupa comigo não me diga o que fazer. Você pode me ajudar de duas maneiras:

1)      Reze por mim.

2)      Deposite um dinheiro na minha conta, ok?

Se quiser fazer diferente engravide e faça do seu jeito.

Salvo sempre se vc está querendo conversar com alguém sobre isso. Engraçado é que quem fica enchendo o saco com esse monte de conselho normalmente não me representa. Eu não tenho nenhum interesse em saber o que essa pessoa pensa sobre gravidez, sobre nutrição na gravidez, sobre sono etc. Porque tem gente que eu não concordo com a forma que ele conduz sua vida, e esse tipo de gente, adora me falar o que eu devo fazer com a minha.... eu mereço?

- O tipo de parto quem decide é a mãe (a que tem o filho dentro, afinal se entrou vai ter que sair, se foi no meu corpo eu decido como). OK?? Se esse tipo de parto é bom, ruim, ótimo, péssimo, perigoso, ela já se informou.  Você não é um ser iluminado que sabe tudo e vai salvar uma grávida da ignorância. O mais provável é que o inverso seja verdadeiro. Mães tem medo do parto, elas vão se informar (dentro das suas possibilidades de informação, financeiras, experiências familiares etc.).

                Além do quê, as pessoas precisam entender que cada mulher é diferente da outra, cada parto, cada filho, cada vivência... ADO ADO ADO... Então se você soube de alguém ou você teve uma péssima experiência com um tipo de parto isso não é regra, não é uma verdade absoluta. Tem outras mulheres que tem péssimas experiências com outro tipo de parto.

Assim, a maternidade é um risco, você não controla nada, tem que fazer escolhas super importantes, tem que aguentar todo mundo em cima de qualquer decisão e vai ser culpada por qualquer coisa, afinal tem sempre alguém te recomendando algo diferente. E o pior, isso é só o começo... ai meu Deus. O resto da vida nessa maratona...

- O pai fica imune a praticamente tudo. Ele diz que eu tenho que ficar calma com esses conselhos, mas um único dia que ele ouviu 2 (DOIS, míseros dois conselhos) conselhos ele deu piti e distratou pessoas super bacanas. Agora eu tenho que ser paciente, ele não precisa...

Então lembrem-se eu não fiz o filho com o dedo. O pai tem que participar. Mas não, ele não precisa saber nada de enxoval, ele não precisa fazer nenhuma escolha importante ou não importante como a cor do frufru da melancia.  Tudo é a mãe. Eu não gosto de ficar escolhendo essas firulas, não gosto e se tiver que fazer essas escolhas quero fazer isso do meu jeito. Não quero ter que decidir tudo na hora que os outros querem, do jeito que os outros querem. Porque não decidem com o pai???

Eu nem quero falar de paternidade, porque não estou preparada emocionalmente pra isso. Só sei que na hora do vamo ver é você e você mesma. Não crie nenhuma expectativa sobre nada nem ninguém. Só você vai estar sempre contigo.

E só pra fechar esse pequeno desabafo. Eu fico triste não é porque quero, se isso passa pro filho, eu sinto muitíssimo, mas não eu não crio essa situação sozinha. Eu converso muito com meu filho, espero que ele fique tranquilo, apesar da mãe não estar.

Porque esse monte de conselho de que você tem que estar bem, porque tudo passa pro bebê, deveria exigir que as outras pessoas tenham sensibilidade também. Porque ninguém enxerga um palmo além do umbigo. Ninguém se preocupa em como você está, todo mundo continua com sua programação normal, querendo vc linda, sorridente, com o peso adequado, com tudo ok e eufórica, afinal isso que manda a cartilha...

Eu poderia escrever um livro com tantas coisas que estão entaladas. Mas não vale a pena.

E quer julgar meus atos, calce os meus sapatos...

Ps. Eu decidi escrever tudo isso porque perdi uma pessoa MUITO QUERIDA e PRÓXIMA, ela entrou em coma quando seu bebê tinha 3 meses e faleceu após 4 meses nessa condição. A culpa não foi da gravidez, muito menos da criança. Mas é impossível descartar a situação de desgaste que ela viveu. O que aparentemente era uma vida feliz (tudo como manda o figurino), depois fica claro que ela gritava em silêncio por um pouco de atenção e sensibilidade alheia e ninguém foi capaz de ouvir, de ajudar. Não é gente ao redor, é gente com sensibilidade que saiba ouvir o outro.... E eu posso afirmar que isso é mais comum do que a gente imagina. Talvez não com a gravidade e a proporção desse problema, mas o que mais me assustou na gravidez foi a insensibilidade alheia e a incapacidade que as pessoas tem para ouvir. Elas te perguntam, mas elas não ouvem o que vc tem a dizer, elas já tem a resposta, ou contestam se você for honesta, ou nem esperam que vc responda.